Tenho 53 anos. Toinha, esse é o jeito como eu gosto de ser chamada. Há oito anos eu moro nessa rua. Nasci em uma cidade do interior, no sertão, mas vim muito cedo para Sobral.
Ah, já morei em muitos lugares da cidade mas parei aqui. Gosto dessa rua, apesar de eu não sair muito. Vou ficar aqui até como der. Meu marido morreu ano passado, hoje moro com meu enteado. (...) Eu não saio nunca. Até gosto de passear, de sair pra dançar, mas nunca mais consegui sair. Eu fico costurando, faço pequenos reparos nas roupas das pessoas. Serviços muito grandes não consigo, minha máquina não dá. Mas bote aí que eu sou costureira, gosto de ser assim. .
Sabe uma saudade que eu tenho? Do tempo que eu morava com minha mãe no sertão. Que tempo bom. Acho que eu não aproveitei tão bem aquele tempo. Passa e a gente sente depois, né? Hoje me sinto só. Família faz a gente se sentir menos só, não acha?
Tenho um filho já grande que não mora comigo. Tem a casa dele, mora com a esposa. Ele não tem filho, mas eu ainda queria ter um neto. .
Tenho saúde e tenho um trabalho. Estando vivo e com saúde a gente corre atrás. Estar viva e com saúde, esse é meu sonho.
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