Eu me organizei a semana inteira para estar aqui com as minhas irmãs e contar as nossas histórias junto, ouvindo umas as outras. Aqui na rua somos conhecidas como a “força D”. Denise, Diana e Daniele. É muito especial estarmos todas reunidas. .
Sou a Denise, tenho 40 anos e essa rua é tudo para mim. Lembro que na enchente de 2009 tivemos que sair daqui e eu ficava contando as horas para voltar, para ver meus amigos, para passear no rio. .
Eu sempre fui a mais afoita de todos os filhos. Era eu que fugia para as festas, que pulava a cerca, eu pensava assim: eu vou aproveitar bastante essa festa porque quando eu chegar pela manhã eu vou apanhar tanto do pai que eu vou fazer valer a pena. .
Quando o pai sabia onde eu estava ele ia lá me pegar e eu voltava com ele na garupa da bicicleta. Quando chegava em casa ele olhava para mim e eu sabia exatamente o peso. .
Sempre fui a mais danada, a mais festeira, a mala animada. Até hoje a minha casa é conhecida como a casa da festa. Hoje, casada, com um filho de 8 anos, tomo minha cervejinha e faço festa para os familiares, amigos. Adoro festejar! Eu gosto de receber as pessoas, de ver todo mundo satisfeito, de receber nossos familiares de Moraújo e de ser anfitriã. .
Eu trabalho fazendo comida, fui a única filha que segui a profissão da mãe. Me orgulho muito disso, por perpetuar esse talento tão grande de nossa mãezinha. .
Sou casada há 11 anos. Eu conheci ele no bar da Elza. Você chegou a conhecê-la, né? Quando você veio morar aqui na rua ela ainda estava aqui. Você não gostaria de contar a história dela? . (Denise já está articulando nossa visita à Dona Elza, uma mulher que morou por muitos anos na rua da palha e que era proprietária de um bar na esquina) . (...) Pois foi ali na esquina, no bar daquela mulher fantástica que eu conheci meu amor. Ele é de Sergipe e agora é morador dessa rua ilustre. (risos) .
Eu já fui a Sergipe, amei conhecer a terra dele. Tenho uma vontade grande de conhecer Salvador, morro de vontade ir pra lá. Mas sonho, sonho mesmo eu pretendo realizar em breve pois quero ser mãe do meu segundo filho.
Como dizia o pai, a nossa família é meu maior tesouro. Eu amo minhas irmãs, hoje nós somos amigas, confidentes e parceiras de festas. A gente é muito grudada, de tá na casa uma da outra, de cuidar dos filhos uma das outras. Me emociono ao dizer isso e é muito importante para mim ouvir a história delas se misturar com a minha, vendo a mãe aqui ouvindo as nossas histórias.
Por isso eu pedi para estarmos todas juntas aqui hoje. Todas as mulheres que representam essa família forte.
(Denise foi a primeira das três irmãs que me contou as histórias da família. Foi ela que abriu as portas de sua casa para me receber e junto a ela se uniram suas duas irmãs e a mãe Isabel para me contarem as histórias de si e de sua família)
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